quarta-feira, 9 de julho de 2008

GRANDES OURIVES: GOUDJI

Com este texto damos início a uma série de posts sobre os grandes mestres da ourivesaria, em Portugal e no mundo. A escolha que fazemos das figuras que consideramos mais relevantes tem, certamente, muito de pessoal e não pode deixar de traduzir um pouco do nosso próprio gosto. Contudo, para iniciar esta série escolhemos um homem que dificilmente deixará de colher o consenso de todos os que nos lêem, tal é a grandeza da sua obra e o reconhecimento internacional que a mesma tem recebido: Mestre Goudji.

Nascido em 1941, na Geórgia, desde cedo toma consciência da sua vocação para a ourivesaria, pelo que, chegado a Moscovo, capital do império soviético, vai procurar concretizar o seu sonho, defrontando-se, no entanto, com obstáculos quase intransponíveis, dado que os particulares não estão autorizados a adquirir metais preciosos. O seu primeiro trabalho vai, assim, resultar da necessidade de fundir duas colheres de prata que lhe havia deixado o seu avô.

O amor, contudo, vai levá-lo a Paris, depois de várias peripécias para conseguir sair de território comunista. Naturaliza-se francês e pode, então sim, passa a dedicar-se à sua paixão: a ourivesaria.

Embora a sua obra seja originalíssima e certamente das mais belas da actualidade, sentem-se facilmente as influências que recebeu dos grandes artistas da antiguidade clássica, sendo de destacar a produção dos Citas, um povo nómada e guerreiro, que habitou, há muitos séculos, territórios vizinhos da sua Geórgia natal e que trabalhava o ouro como ninguém. Igualmente a influência da Mesopotâmia e da arte sacra medieval são evidentes.

Goudji, no entanto, depressa irá sentir uma tendência especial para a criação de peças de grande valor cultural, começando pelas espadas dos membros da Academia Francesa e, agora, grandes trabalhos para a Igreja e para Suas Santidades os Papas João Paulo II e Bento XVI.

As suas criações, fruto de uma originalíssima técnica de trabalhar os metais preciosos, inspirada nos métodos da Idade Média e com recurso a ferramentas criadas por si próprio, incluem materiais que os actuais ourives têm vindo a deixar cair no desuso, como é o caso da madrepérola ou o lápiz-lazuli. Trata-se, portanto, de um artista que veio renovar a joalharia contemporânea, fazendo a recuperação de métodos tradicionais e criando peças que nos levam a acreditar que o belo ainda é possível. Foi, portanto, fácil a escolha da personalidade com quem inaugurar esta nova série do nosso blog.

3 comentários:

Laura disse...

Parabéns pelo blogue e sobretudo pelas criações. Já linquei o site e percebi que é uma profissional.
Eu não sou...
Apenas gosto de jóias (mas não é propriamente pela qualidade de "ícone" social... :)
Andava por isso no google numa procura desalentada sobre minas novas. E vim parar aqui!

Bem sei que não se compram essas pedras soltas (já não há!).
Mas tenho uma pulseira antiga em pérolas (só relativamente antiga, porque tem 3 fieiras com pérolas bastante homogéneas e com o nácar branco e não amarelado). Tem uns travessões de 5 em 5 com ("separadores") com umas pedras pequenas cravadas, que acho que serão cristais de rocha ou safiras brancas... Uma coisa assim.
Não têm grande graça... mas tb. não marcam demasiado.
Pensei por isso mantê-los, porque a montagem, se não é mesmo antiga, "lembra" esse tipo de trabalho.
E assim resolvi arranjar um fecho em minas novas, bonito mas discreto (claro), que valorizasse as pérolas.
Tenho ideia que nas primeiras décadas do séc XX haveria até muita coisa deste género (montada em prata e com o "avesso" em ouro amarelo). Mesmo sem especial valor, tinham um efeito harmonioso e bonito.

Acontece que tenho uma loucura por minas novas (vá lá, a mania podia ser mais desatrosa...).
Tenho por acaso algumas peças lindíssimas, que herdei (e não são nada vulgares).Até tenho um anel redondo menos 'especial' que ainda pensei em adaptar a fecho para a pulseira, mas depois desisti porque tive pena de o desmontar.

- Pode por acaso dar-me uma dica sobre onde me dirigir para tentar encontrar uma peça que possa adaptar ao dito fecho (p,ex, um alfinete? Brinco solto? Anel?).
O que encontro nas ourivesarias é novo e simplesmente horrível. E o que se vende nos antiquários ou é duvidoso ou é escandalosamente caro...

Ou será que um "caso" destes tão low profile lhe desperta mesmo assim alguma ideia diferente?!

PS- Como as pérolas são boas já pensei em mandar substituir os travessões para ouro amrelo liso e pôr como fecho uma peça de ourivesaria tradcional portuguesa, mas "prendia-me" mais em termo de junção com outras jóias quando chegasse a altura de usar a pulseira.

Obrigada pela paciência, se chegar a ler isto:)

Ana Calheiros disse...

Querida Laura,
Neste momento encontro-me de férias, mas mande-me p,f o seu contacto para o meu email e eu quando chegar contacto-a.
De qualquer modo, obrigada pelo seu comentário relativamente ao blog. Aprecio imenso minas novas e vou gostar de falar consigo.
Um beijo
Ana Calheiros

Anónimo disse...

soy chilleno y soy un admirador de la Obre de Goudji es mi mentor tengo 25 años y quisiera llegar a ser tan buen orfebre como el